quarta-feira, 10 de março de 2010

Acidente Vascular Cerebral (AVC)

O que é?

Um acidente vascular cerebral (AVC) ocorre quando uma parte do cérebro deixa de ser irrigada pelo sangue.Isto sucede sempre que um coágulo se forma num vaso sanguíneo cerebral ou é transportado para o cérebro depois de se ter formado noutra parte do corpo, interrompendo o fornecimento de sangue a uma região do cérebro. Pode, também, resultar da ruptura de uma artéria cerebral e, neste caso, o sangue que dela extravasa vai destruir o tecido cerebral circundante. Em qualquer dos casos, o tecido cerebral é destruído e o seu funcionamento afectado.



Tipos de AVC

• O primeiro tipo, e o mais comum deles, é devido à falta de irrigação sanguínea num determinado território cerebral, causando a morte do tecido cerebral – é o AVC isquémico.
• AIT ou ataque isquémico transitório – clinicamente, corresponde a uma isquémia passageira que não chega a constituir uma lesão neurológica definitiva e não deixa sequelas. É um episódio súbito de défice sanguíneo numa região do cérebro com manifestações neurológicas, que se recuperam em minutos ou até 24 horas. Constitui um factor de risco muito importante, visto que uma elevada percentagem dos pacientes com AIT apresenta um AVC nos dias subsequentes.
• O AVC hemorrágico é menos comum, mas não menos grave, e ocorre pela ruptura de um vaso sanguíneo intra-craniano, levando à formação de um coágulo que afecta determinada função cerebral.

Sinais e sintomas

- Sinais que precedem um derrame
• Cefaleia intensa e súbita sem causa aparente;
• Dormência nos braços e nas pernas;
• Dificuldade em falar e perda de equilíbrio;
• Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna do lado esquerdo ou direito do corpo;
• Alteração súbita da sensibilidade, com sensação de formigueiro na face, braço ou perna de um lado do corpo;
• Perda súbita de visão num olho ou nos dois;
• Alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular e expressar palavras ou para compreender a linguagem;
• Instabilidade, vertigem súbita e intensa e desequilíbrio associado a náuseas ou vómitos.



- Como identificar um acidente vascular cerebral

• Pedir, em primeiro lugar, para que a pessoa sorria. Se ela mover a sua face só para um dos lados, pode estar a ter um AVC;
• Pedir para que levante os braços. Caso haja dificuldades para levantar um deles ou, após levantar os dois, um deles caia, procurar socorro médico;
• Dê uma ordem ou peça para que a pessoa repita alguma frase. Se ela não responder ao pedido, pode estar a sofrer um derrame cerebral.

De seguida, apresentam-se os procedimentos que se deve seguir para ajudar uma pessoa que acabou de sofrer um AVC.


(Clique na imagem para visualizar em tamanho grande)


Factores de Risco

Existem diversos factores considerados de risco para a ocorrência de um AVC, sendo o principal a hipertensão arterial sistémica não controlada, seguindo-se a diabetes mellitus, doenças reumatológicas, trombose, uma arritmia cardíaca, estenose da válvula mitral, entre outras.
Hipertensão arterial: A hipertensão arterial acelera o processo de aterosclerose, além de poder levar à ruptura de um vaso sanguíneo;
Doença cardíaca: qualquer doença cardíaca, em especial as que produzem arritmias, pode determinar um AVC.
• Colesterol: o colesterol é uma substância existente em todo o nosso corpo, estando presente nas gorduras animais e sendo produzido principalmente no fígado e adquirido através de uma dieta rica em gorduras;
Tabagismo: O hábito é prejudicial à saúde em todos os aspectos, principalmente naquelas pessoas que já têm outros factores de risco. O fumo acelera o processo de aterosclerose, diminui a oxigenação do sangue e aumenta o risco de hipertensão arterial;
Consumo excessivo de bebidas alcoólicas: quando isso ocorre por muito tempo, os níveis de colesterol elevam-se; além disso, a pessoa tem maior propensão à hipertensão arterial.
Diabetes: é uma doença em que o nível de açúcar (glicose) no sangue está elevado.
Idade: quanto mais idosa for a pessoa, maior a probabilidade de ter um AVC, não obstante o facto de uma pessoa jovem poder sofrer um AVC;
Sexo: até aproximadamente 50 anos de idade os homens têm maior propensão do que as mulheres; após essa idade, o risco praticamente iguala-se.
Obesidade: aumenta o risco de diabetes, de hipertensão arterial e de aterosclerose; assim, indirectamente, aumenta o risco de AVC;

Evolução

Na parte da evolução temos 3 tipos de AVC: os que não deixam nenhuma sequela, nem mesmo no dia em que ocorrem; os que não deixam sequelas, mas duram mais de um dia e os que deixam sequelas. Quanto a este último, quando associado a défices motores, o doente necessita de fisioterapia e terapias ocupacionais, para potencializar e fortalecer os músculos e, assim, diminuir as deficiências que podem ter sido causadas.
De qualquer forma, o AVC é uma doença que merece especial atenção pela dependência e alteração do estilo de vida que pode causar. Por isso, a melhor maneira de combater esta patologia é prevení-la, controlando todos os factores de risco anteriormente referidos.

Tratamento

O AVC é uma emergência médica e possui tratamento se o paciente for rapidamente encaminhado para um hospital adequado. O tratamento do AVC isquémico já utilizado em todo o mundo, há pelo menos 10 anos, é realizado com medicamentos trombolíticos, que possuem a propriedade de dissolver o coágulo sanguíneo que está a entupir a artéria cerebral, causando isquémia.
Actualmente, o único trombolítico aprovado para ser utilizado na fase aguda do AVC isquémico é o rTPA (alteplase). Este medicamento pode ser administrado por via endovenosa nas primeiras 4 a 5 horas após o início dos sintomas.
Após essa fase inicial de instalação, a trombólise pode deixar de ser eficiente, podendo, inclusive, ser perigosa, já que pode causar uma reperfusão de um tecido necrótico, transformando o AVC isquémico num acidente hemorrágico, o que pode originar sequelas mais graves, ou mesmo a morte.

Reabilitação

O processo de reabilitação pode ser longo, dependendo das características do próprio AVC, da região afectada, da rapidez de actuação para minimizar os riscos e do apoio que o doente tiver.

Exercícios que ajudam a ultrapassar as sequelas de um AVC

- Mãos e Braços
A movimentação dos braços e ombros deve ser cuidadosa e gradual. Não se pode pretender que o doente execute o movimento completo à primeira tentativa, mas é importante repetir o exercício várias vezes até o conseguir, ainda que isso cause alguma dor e fadiga. A imobilidade das articulações seria ainda mais dolorosa.



- Ancas
Deitado de costas, o doente deverá, primeiramente, dobrar os joelhos (se necessário, com a ajuda de outra pessoa) e pressionar os pés contra o colchão. Em seguida, conservando os joelhos unidos, deverá levantar as ancas.



Como prevenir?

Como todas as doenças vasculares, a melhor forma de combater um AVC é prevenindo esta patologia, identificando e tratando os factores de risco.

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